Pelo fim do Terror de Estado
13.05.2012
Alipio Freire (*)
A última semana foi pródiga no que
diz respeito aos Direitos Humanos no Brasil.
Em 7 de maio, foram expedidos
mandados de prisão contra o coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria
Pereira de Oliveira, responsáveis pelo Massacre de Eldorado do Carajás
(PA-1996), quando 19 trabalhadores rurais sem terra (MST) foram assassinados
pela PM.
Na sexta-feira (11.05), a presidenta
Dilma Rousseff anunciou os nomes dos integrantes da Comissão Nacional da
Verdade – CNV.
No sábado (12.05), completaram-se
seis anos dos Crimes de Maio, quando o consórcio PM-Crime organizado, em uma
semana, assassinou cerca de 600 pessoas nos bairros populares e periferias da
Grande São Paulo. Como parte da luta pelo esclarecimento dos crimes e punição
dos responsáveis, o movimento Mães de Maio realizou um ato público em Santos.
Paralelamente, seguia a polêmica
sobre a publicação do livro “Memórias de uma guerra suja”, dos jornalistas
Marcelo Netto e Rogério Medeiros, a partir de entrevista com o hoje pastor
evangélico Cláudio Guerra, ex-delegado do Deops capixaba, e “um dos policiais
mais poderosos dos anos 70 e 80”, sobre crimes perpetrados por ele e outros
agentes do Estado, a serviço dos sucessivos governos da ditadura do pós-64.
A semana se encerrou com
escraches-esculachos, promovidos por um conjunto de coletivos de jovens que se
apresentam sob a rubrica geral de Levante Popular da Juventude – por sinal, o
mais adequado e conseqüente movimento surgido nos últimos meses.
O denominador comum de todas essas
manifestações reside no Terror de Estado implantado pelo capital desde o golpe
de 64, e do qual, o novo Estado de Direito herdou (e até aperfeiçoou) as
diretrizes centrais.
Se é isto, cabe aos diversos
movimentos contra a Ordem do Terror que se impõe à classe trabalhadora e ao
povo, pensar uma forma conjunta de estabelecer – guardadas a independência e a
autonomia de cada movimento – estratégia e políticas comuns, capazes de nos
fazer avançar no aprofundamento da democracia hoje vigente.
(*) Alipio Freire, jornalista e escritor,
integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato, e faz parte da Diretoria do
Núcleo de Preservação da Memória Política.
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