Historiador diz que 'brancos viraram negros' e causa polêmica
Os tumultos diminuíram na manhã de domingo, mas ganharam nova força nos dias seguintes, irradiando para diversos bairros londrinos e até mesmo para outras cidades, como Manchester, Liverpool e Birmingham. A intensidade da violência levou centenas de policiais às ruas para conter os levantes. O premiê britânico, David Cameron, e o prefeito de Londres, Boris Johson, condenaram os tumultos, pelos quais mais de mil pessoas foram presas. Na madrugada de quarta-feira, outras três pessoas perderam a vida atropeladas em Birmingham e, na sexta-feira, Richard Mannington Bowes, 68 anos, que estava em estado crítico depois de ser ferido na noite de segunda, não resistiu e morreu no hospital, elevando para cinco o número de vítimas desde o início da onda de violência.
"Não é cor da pele, é cultural", disse o historiador David Starkey durante um debate na televisão
O historiador britânico David Starkey provocou polêmica durante um debate no programa "Newsnight", do canal de televisão BBC, sobre os distúrbios violentos na Inglaterra. Starkey afirmou que "os brancos se tornaram negros" nos tumultos ocorridos em Londres e outras cidades inglesas na última semana.Segundo o jornal online Mirror, David Starkey falou sobre uma "profunda mudança cultural", e citou o discurso do político britânico Enoch Powell, "Rios de Sangue", de 1968, no qual criticava a imigração de pessoas vindas de antigas colônias britânicas. O historiador disse: "A profecia dele estava absolutamente certa em um sentido. O (rio) Tibre não espumou com sangue, mas chamas queimaram, cobrindo Tottenham e Clapham. Mas não foi violência entre comunidades. Aí é onde ele estava completamente errado".
David Starkey se dirigiu a outro convidado, Owen Jones - autor do livro Chavs: the Demonisation of the Working Classes (sem versão em português) - e disse: "O que aconteceu é que grande parte dos 'chavs' (jovens britânicos violentos) sobre os quais você escreveu se tornaram negros. Os brancos se tornaram negros. Um tipo particular de cultura de gângster niilista, violenta e destrutiva virou moda, e negro e branco, masculino e feminino, operam nessa linguagem juntos"."Não é cor da pele, é cultural", disse o historiador. "Veja David Lammy (representante de Tottenham no Parlamento), o arquétipo de um homem negro de sucesso. Se você virasse a câmera de forma que você só pudesse ouvi-lo como no rádio, você pensaria que ele é branco", afirmou David Starkey.
Os argumentos de Starkey foram contestados por participantes do debate, como a escritora e conselheira educacional Dreda Say Mitchell. "Comunidades negras não são grupos homogêneos", disse ela. "Precisamos parar de falar em 'nós' e 'eles'", afirmou Mitchell. As afirmações do historiador também provocaram reações na internet, principalmente entre usuários do Twitter que acompanhavam o programa.Violência no Reino Unido
No início da noite de sábado, 6 de agosto, manifestantes iniciaram protestos em Nottingham, no norte de Londres, motivados pelo assassinato de um homem de 29 anos e pai de família, dois dias antes, pela polícia. Os protestos logo se desenvolveram em uma onda de violência que se arrastou noite adentro, quando grupos depredaram lojas e incendiaram carros, dando início ao pior episódio de violência urbana da história recente londrina.Os tumultos diminuíram na manhã de domingo, mas ganharam nova força nos dias seguintes, irradiando para diversos bairros londrinos e até mesmo para outras cidades, como Manchester, Liverpool e Birmingham. A intensidade da violência levou centenas de policiais às ruas para conter os levantes. O premiê britânico, David Cameron, e o prefeito de Londres, Boris Johson, condenaram os tumultos, pelos quais mais de mil pessoas foram presas. Na madrugada de quarta-feira, outras três pessoas perderam a vida atropeladas em Birmingham e, na sexta-feira, Richard Mannington Bowes, 68 anos, que estava em estado crítico depois de ser ferido na noite de segunda, não resistiu e morreu no hospital, elevando para cinco o número de vítimas desde o início da onda de violência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário