Espaço Ubunto

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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Coisa de Preto é a bruxaria contida num conto de Machado de Assis.
Um samba escrito pela caneta de Mauro Diniz.
Coisa de preto é a poesia de Cartola.
Os dedos a bailar sobre o violão de Paulinho da Viola.
Ah, só podia ser preto - Romário, Imperador, Ronaldinho.
Responder ao racismo com Lamentos em forma de chorinho.
Pixinguinha, preto rei, rei dessa coisa escura.
Renato Gama autodidata senhor da soltura.
Coisa de preto é manter-se grande diante de quem mata.
É se precisar ameaçar com canhão pelo fim da chibata.
Coisa de preto é viver com alegria.
Inventar a matemática, arquitetura, medicina, agricultura e filosofia.
Ser parte da primeira civilização.
Ser senhor do Blues, do Samba, do Reggae, do Pop, Soul, do Jazz.
Ter um mundo racista curvado ao seus pés.
Pelé, Abdias, Martinho da Vila, Elza Soares.
Coisa de preto é Dandara mandando racista pelos ares.
Palmares...respeite e pise devagar na ponta do pé.
Coisa de preto é a beleza da casa de candomblé.
Coisa de Preto é fazer deuses sobreviverem em navio cruel.
É manter amor a Terra diante de um povo que a desdenha pelo céu.
Coisa de preta é Jovelina partideira.
Milton, Djavan, Tim, Alcione e Candeia.
Veja a noite Yurugu, fique atento.
É preta a senhora dona do vento.
Veja, estejas pronto e ouvindo.
Pois é coisa de preto branco pendurado pelo pescoço na Revolta de São Domingos.

Jonathan Oliveira Raymundo

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